Ilustração: Ana Persona

A alegria de seu parceiro era vê-la triste. Durante 12 anos de casamento, a técnica em Segurança do Trabalho Luz Dias*, ouviu do marido o que vestir, o que comer e quando sorrir. Sua existência devia se resumir a servi-lo: cozinhar como a mãe dele cozinhava; deixar suas roupas impecáveis; e permanecer confinada às paredes de casa. Ter amigos era proibido. Saídas, só com o marido, ocasiões em que tudo virava motivo para brigas, ofensas e humilhações.

Nem sempre foi assim. Por dez anos, Luz namorou um rapaz carinhoso, que nunca se mostrou agressivo. Mas, depois de colocar uma aliança no dedo da moça, a violência começou a se manifestar. Em pouco tempo, os abusos verbais e psicológicos passaram a ser acompanhados de maus tratos físicos.“Ele passou a querer me agredir, principalmente quando se sentia frustrado ou tinha uma opinião de que eu discordava”, me contou Luz em meados de 2017. Ela lembrava nitidamente do dia em que ele jogou em seu rosto um tabuleiro fervendo, com um empadão recém-saído do forno. “Eu tomei um susto, falei: ‘Olha o que você fez!’. Ele disse: ‘Ah, você me irrita!’”.

Como a maior parte das mulheres em situação de violência, Luz sofria em silêncio. Isolada, não demorou para que sentisse no corpo aquilo que sua mente ainda não conseguia processar. Passou a ter dores fortíssimas no ventre, que ninguém conseguia diagnosticar. Foram necessários dez anos entrando e saindo de unidades de emergência e se internando em hospitais até que detectassem o problema: eram pólipos uterinos, que precisavam ser removidos em uma cirurgia.

Para seu desespero, o marido resolveu acompanhá-la no dia da cirurgia. Logo depois do procedimento, ela foi liberada com um aviso: não podia fazer esforço. Tão logo o anestesista virou as costas, ela conta que o marido ordenou: “Você vai descer andando e vai pegar o ônibus, porque eu não vou gastar um real contigo.” O hospital ficava no alto de um morro. Durante a descida, o sangue jorrava por suas pernas.

“Todas as vezes que eu ficava muito nervosa ou me aborrecia, as dores se intensificavam”, explicou Luz. Não era coincidência. Em 2013, uma pesquisa revelou que 81% das mulheres sobreviventes de violência doméstica e sexual têm problemas crônicos de saúde. As chances de elas desenvolverem este tipo de enfermidades é até duas vezes maior que a de mulheres que nunca foram abusadas.

Considerada pela Organização Mundial da Saúde como uma “epidemia global”, a violência doméstica e sexual está relacionada tanto a problemas de saúde física quanto mental. Ela está ligada ao aumento da incidência de dores crônicas, queixas ginecológicas, sintomas gastrointestinais, problemas no sistema nervoso, depressão, transtorno do estresse pós-traumático e abuso de substâncias.

Além disso, as mulheres em situação de violência vão com mais frequência a serviços de saúde, passam mais tempo em hospitais e têm mais internações. Aimee Gallagher, ex-coordenadora de programas científicos na Society for Women’s Health Research, instituição norte-americana que reúne especialistas na saúde das mulheres, me explicou que tanto o abuso físico quanto o psicológico e o sexual podem resultar em problemas de saúde física e mental.​

A conta brasileira é assustadora: 6,24 milhões de mulheres sofreram violência na mão de parceiros e ex-parceiros em 2018. No ano anterior, foram registrados mais de 60 mil estupros em delegacias. As sobreviventes de violência sexual são as mais vulneráveis ao desenvolvimento de dores e doenças crônicas: 88% delas têm algum desses problemas.

Sete a cada dez casos são cometidos por conhecidos. E, quando o agressor é um marido ou namorado, pode ser difícil para a mulher reconhecer que sofreu essa violência. Em nenhum momento de seu relato Luz usou a palavra “estupro”. Ela disse, porém, que o marido exigia que ela mantivesse relações com ele mesmo quando ela não desejava e que ficava violento quando ela se recusava. A descrição se encaixa no conceito de estupro.

Infográfico: Bruna de Lara

Dores nos rins, crises de sistema nervoso, ataques de pânico, desmaios e sintomas de síndrome do intestino irritável passaram a fazer parte da rotina de Luz com a violência. “Daqui a pouco você vai morrer”, ela me disse ter ouvido de um médico. Pouco tempo depois da cirurgia, ela descobriu outro problema grave: estava com um nódulo enorme na garganta, que já ameaçava invadir seu tórax. Feita em caráter de emergência, a operação para extração do nódulo resultou na retirada total de sua tireoide e de suas amígdalas. Mesmo em uma situação tão difícil, ela conseguiu focar no que considerou uma bênção: dos 12 pacientes que passaram por procedimentos semelhantes naquele dia, ela foi a única cujo nódulo era benigno.

Infográfico: Bruna de Lara

A residente de Enfermagem Camila Sixel é mais uma mulher que viu sua saúde, antes estável, se deteriorar depois de um relacionamento abusivo. Quando conversamos, também em 2017, ela reconheceu que o ex já dava sinais de descontrole antes de se casarem. Mas, na época, ela não o enxergava como uma pessoa violenta. “Eu era de uma igreja e lá tinha que casar rápido”, explicou Camila. Ele era seu primeiro namorado. “Uma vez ele ficou gritando e apertou a minha mão. Na época eu não achei que era nada demais.”

O pior veio com o casamento. Ela sempre ganhou mais do que o marido, e ele a pressionava para trocarem de carro. Como ela era funcionária do estado e já tinha ficado sem pagamento por meses, Camila não achava a decisão sensata e se recusou a gastar o dinheiro. Foi quando ele começou a agredi-la e torturá-la.

“Comecei a ter herpes nesse relacionamento.” Ela lembrava de ter se sentido tão mal depois de uma discussão que chegou a ser internada. Foram necessários sete meses para que ela conseguisse se separar, mas o ex a perseguiu por outros seis. “Exatamente quando ele me perseguia, eu tinha alguma doença”, constatou. “Teve até um mês que eu tive infecção urinária, herpes, candidíase e depois tive infecção urinária de novo.”

Além dos sintomas físicos, Camila desenvolveu depressão. “Cheguei a fazer uma tentativa de suicídio”, revelou a então residente. Ela admitiu que, a princípio, não queria ir a um psiquiatra nem se medicar. Além do preconceito com doenças mentais, a jovem tinha medo de que os remédios psiquiátricos a deixassem diferente. Acabou mudando de ideia. “Eu comecei a tomar e fiquei completamente passiva. Muita coisa eu relevava no relacionamento que eu tive, porque eu não ligava para nada.”

Arlanza Rebello, na época coordenadora do Núcleo Especial de Defesa dos Direitos da Mulher da Defensoria Pública do Rio de Janeiro, me disse que é comum que as depressivas fiquem sem ação. Segundo ela, muitas sobreviventes usam antidepressivos, calmantes e remédios para induzir o sono.

A violência psicológica costuma ser mais difícil de suportar, segundo Ann Coker, do Centro de Pesquisas sobre Violência contra a Mulher da Universidade de Kentucky, nos EUA. Arlanza ressaltou que esse é um trauma que leva muitas mulheres a ficarem presas a remédios e tratamentos, mas que, até pouco tempo, era diminuído nos serviços de assistência. “Onde estão os machucados?” era um questionamento comum. “Querem comprovação física e não existe isso”, reprovou a defensora.

Alguns meses depois de se separar, Camila começou outro relacionamento e foi morar com o rapaz. Quando ela anunciou que estava grávida, ele começou a agir de forma violenta. “Uma vez a gente discutiu, ele deu um soco na porta do armário e ela caiu”, diz a jovem. A família do ex a culpava e dizia que aquilo não era nada demais. “Ninguém entendia que eu tinha sofrido violência física também, que não era só um armário e que quebrar um armário também é uma forma de intimidação”, criticou.

Certa vez, seu ex chegou a sentar em cima de sua barriga para imobilizá-la e tentar forçá-la a tomar remédios. “Ele ficou falando que eu estava descontrolada, que eu estava louca, um monte de coisa assim. Eu comecei a chorar e a falar que não ia tomar”, contou. Logo Camila voltou a ter herpes e candidíase. Depois do término, o ex começou a ameaçá-la, dizendo que ela tinha problemas mentais e que ele iria tirar a guarda do bebê quando nascesse. “Conforme ele me ameaçava, eu começava a passar muito mal e vomitar muito. Todo dia eu vomitava.”

 

Da violência psicológica ao trauma físico

 

Maria Cecília Minayo, do Centro Latino-Americano de Estudos de Violência e Saúde Jorge Careli (Claves), me explicou que a violência pode se transformar em sintomas físicos quando o corpo começa a expressar um sofrimento psíquico com que a pessoa não consegue lidar. Uma das pesquisadoras que trabalham com esse conceito, chamado de somatização, é a médica Anna Paula Florenzano, que já fez parte do Claves. O período em que trabalhou com mulheres na clínica de dor do Hospital Pedro Ernesto a fez perceber que havia algo ali que precisava ser investigado.

“Quando eu estava sozinha com elas e arriscava perguntar se elas tinham histórias de violência, elas foram revelando que sim. Isso me pareceu muito forte e instigante, mas não era questionado no diagnóstico”, contou Anna Paula. Sua pesquisa de mestrado revelou que 90% das mulheres que se queixavam de dores crônicas apresentavam um histórico de violência verbal, física ou sexual. No doutorado, a médica continuou a pesquisa, dessa vez no Hospital Clementino Fraga Filho, e encontrou resultados semelhantes.

Luz lembrava que a assistente social Bianca Capelli, que a atende na Clínica da Família, disse que o nódulo em sua garganta era “um grito” que esperava há muito tempo para ser soltado. “Como você guardou por muito tempo, isso foi crescendo dentro de você”, ela disse ter ouvido de Bianca. “Você ficava só ouvindo e você não falava. Então isso causou em você as enfermidades.”

Infográficos: Bruna de Lara

 

“O medo que a gente sente, o julgamento, o estresse, isso tudo adoece a gente”

Camila Sixel, residente de enfermagem

Ana Flávia D’Oliveira, que coordenou no Brasil um estudo internacional da OMS sobre a relação entre saúde e violência doméstica, destaca que a relação entre o corpo, a mente e a vida não é completamente entendida pela medicina. “Quando você fala de somatização, geralmente o pessoal da saúde mental está falando de sintomas que não têm base biológica”, explicou a médica. “Eu acho que a saúde e a doença são determinadas pela situação de vida, mas há uma base biológica, também.”

As mulheres em situação de violência são submetidas a um estresse crônico que surte efeitos nocivos sobre o sistema imunológico. Pesquisas mostram que o estresse acelera o envelhecimento das células e pode desregular o funcionamento de vários sistemas do corpo. Jacquelyn Campbell, professora do curso de Enfermagem da Universidade Johns Hopkins, referência na área de saúde nos Estados Unidos, afirma que o estresse provocado pela violência tem efeitos quase que imediatos sobre a saúde das mulheres.

“O sistema imunológico baixa totalmente, aí fico tendo várias infecções recorrentes. Isso foi tudo consequência do estresse que eu passei”, entendia Camila. “O medo que a gente sente, o julgamento, o estresse. Também a questão social, de as pessoas acharem que a gente, de certa forma, é culpada pelas coisas. Isso tudo vai adoecendo a gente.”

A hipótese do estresse dá conta dos maiores impactos da violência sexual sobre a saúde. David Lisak, criminalista norte-americano especializado nesse tipo de abuso, afirma que quem passa por um estupro tem mais chances de desenvolver transtorno do estresse pós-traumático do que um veterano de guerra. “Quando você tem TEPT por muito tempo, é um estresse contínuo fortíssimo agindo no seu corpo”, informou Lisak. “Alguns desses mecanismos são muito bem entendidos atualmente e levam a doenças crônicas e a qualquer problema desde resfriados, gripes, coisas desse tipo, até problemas mais sérios, porque o sistema imunológico é danificado.”

Ana Flávia ressaltou que o cérebro é fisicamente moldado pelas experiências a que as pessoas são expostas. Imagens de ressonância magnética mostram, por exemplo, que o cérebro de crianças maltratadas é diferente do de crianças com boas condições de vida, de acordo com a médica.

Isso pode explicar por que o abuso tem um efeito maior sobre a saúde quando é cometido na infância, época de muita atividade cerebral. Segundo Jacquelyn, alguns estudos trabalham com a hipótese de que os efeitos da violência sobre uma pessoa adulta que já havia sido abusada na infância são ainda mais severos. A pesquisadora acredita que uma mulher que sofre violência pela primeira vez na adolescência – outra fase de desenvolvimento cerebral intenso – também pode estar mais vulnerável ao adoecimento do que uma mulher adulta.

As taxas de violência doméstica entre mulheres jovens no Brasil tornam a informação preocupante. Entre as brasileiras de 16 a 24 anos, 66% já sofreram alguma forma de violência em um relacionamento. Além disso, 70% das vítimas de estupro no Brasil são crianças e adolescentes, e quase metade das jovens das classes C, D e E já foram estupradas por um parceiro.

 

O risco múltiplo

 

Embora a violência doméstica impacte tanto a saúde das mulheres quanto dos homens, elas estão mais vulneráveis ao adoecimento. 80,8% das mulheres que sofreram violência física, estupro ou perseguição por um parceiro relataram impactos resultantes do abuso. Entre os homens, a taxa é de 34,7%. Para Maria Cecília Minayo, é importante lembrar que os homens verbalizam menos suas queixas do que as mulheres. Então, é mais provável que eles digam que está tudo bem, mesmo quando não está. “O contexto de que o homem não gosta de falar dele mesmo, não gosta de mostrar fraqueza, isso faz parte da cultura patriarcalista, machista, que a mulher tem mais facilidade de falar”, explicou.

 

Ela ressaltou, no entanto, que a vida da mulher gera mais estresse do que a do homem, o que pode resultar em mais sintomas. As mulheres trabalham, em média, 5,4 anos a mais do que os homens em 30 anos de vida laboral. Porém, recebem menos do que eles em todos os cargos e precisam lidar com o assédio sexual no ambiente de trabalho, onde são 80% das vítimas desse tipo de crime. “Eu sofri um assédio sexual no trabalho, e eu não estava bem mesmo, estava já muito cansada. Foi aí que eu entrei em depressão”, conta Camila.

Janet Rich-Edwards, professora das escolas de Medicina e Saúde Pública da Universidade de Harvard, nos EUA, acredita que as mulheres sentem mais os efeitos da violência, porque os abusos cometidos contra elas costumam representar uma ameaça maior às suas vidas do que o abuso cometido contra os homens. Segundo dados da ONU, 47% dos assassinatos de mulheres no mundo foram cometidos por familiares ou parceiros íntimos — entre os homens, essa taxa é de 6%.

Jacquelyn Campbell acrescentou que a violência cometida pelos homens também costuma gerar mais medo. Isso estaria relacionado tanto ao fato de eles serem, em geral, maiores e fisicamente mais fortes do que elas, quanto ao próprio tipo de ato violento que costumam cometer. “Os homens têm uma propensão maior a estrangular ou sufocar uma mulher em um relacionamento abusivo do que as mulheres têm a fazerem isso com eles”, exemplifica.

A raça da sobrevivente é outro aspecto relevante. No Brasil, as mulheres negras, como Luz, são a maior parte das vítimas de violência doméstica e sexual e são o grupo submetido às piores condições vida. Além disso, ainda sofrem as consequências do machismo e do racismo. Jacquelyn Campbell acredita que o estresse gerado tanto pelo racismo estrutural quanto pelas “micro-opressões diárias” pode tornar as mulheres negras em situação de violência mais vulneráveis ao adoecimento.

Infográfico: Bruna de Lara

 

O caráter crônico dos problemas desenvolvidos pelas sobreviventes faz com que os efeitos da violência sobre seus corpos e mentes continuem presentes muito depois de o abuso ter fim. Camila ainda lutava contra a depressão e evitava sair de casa quando conversamos. Seu estado de saúde fez com que usasse todas as faltas a que tinha direito na residência, a obrigando a tirar uma licença de seis meses para se cuidar.

Luz também teve seu cotidiano profundamente afetado pelos problemas que desenvolveu. Todos os dias, toma um remédio que substitui os hormônios que deveriam ser produzidos por sua tireoide. Surgiram novos pólipos, dessa vez em seus intestinos, o que obriga Luz a seguir uma dieta rigorosa, provavelmente por toda a vida. Ela só pode comer alimentos batidos no liquidificador, e arroz e feijão estão fora de cogitação. “Além de tudo eu tenho que ser rica, agora”, brincou Luz. “Como que pobre fica sem comer arroz e feijão?”

Quando conversamos, Camila procurava não pensar nas coisas ruins que aconteceram. “O importante é que eu saí disso e que, se acontecer de novo, eu vou sair de novo. Eu não vou deixar ninguém fazer nada comigo”, assegurou a jovem, determinada. Depois de passar pelo primeiro relacionamento abusivo, ela entrou em um grupo de apoio virtual para mulheres em situação de violência, em que conheceu seus direitos. “Eu tive apoio das mulheres que passaram pelo mesmo. Isso foi muito importante para mim.” Ela denunciou o segundo ex e afirmou que correr atrás de seus direitos a ajudou muito. “Comecei a me sentir mais dona da minha vida, a sair dessa posição de vítima e me tornar alguém que poderia mudar a história de vez.”

Luz também estava começando um novo capítulo em sua vida. Ela havia se separado do marido há quase um ano. O estopim da separação foi quando ele a humilhou na frente da mãe de Luz, que acabou tendo um AVC. “Eu não quero mais nada com você. A partir de hoje, nosso casamento acabou’”. O divórcio a permitiu abrir seus braços e ditar seus próprios caminhos. “Eu sou livre”, declarou, abrindo um sorriso.

Ela reconhecia que superar 12 anos de violência seria um processo longo, que estava apenas no começo. “Você está livre, mas parece que ainda vive aquela situação. Todos os dias eu acordo com a voz dele nitidamente na minha cabeça”, desabafou. Mas, mesmo com as dificuldades, seu tom era de animação e esperança.

Bianca, a assistente social da Clínica da Família, a havia convidado para ajudá-la em um projeto que reunia mulheres em situação de violência. “Parece que uma coisa vai saindo aos poucos de dentro de mim quando eu começo a falar”, disse Luz, explicando por que participar do grupo. “Quero dizer a elas: você consegue. Você tem potencial, menina. Assim como aconteceu comigo, vai acontecer mais ainda com você, ou melhor ainda.’”

O que ela diria caso ouvisse uma mulher contando a mesma história que ela havia acabado de compartilhar? Em primeiro lugar, parabéns. “É como se eu visse que ela olhasse para dentro dela e falasse assim: ‘Eu fui até o fundo do poço. Quase tamparam a minha cova, mas ainda tinha uma brecha. E foi nessa brecha que eu consegui me levantar’”, afirmou Luz, emocionada. “Eu cairia em lágrimas, mas eu iria dar um grande abraço nessa mulher, porque é muito guerreira. Muito guerreira.”

*Nome alterado a pedido da mulher para preservar sua identidade.

Reportagem originalmente apresentada em julho de 2017, como parte do trabalho de conclusão de curso “Quando a violência adoece as mulheres”. As estatísticas brasileiras foram atualizadas de acordo com os dados mais recentes, e pequenas alterações foram feitas no texto. A parte teórica do trabalho pode ser acessada aqui.

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