Viver e circular na cidade não é nada fácil para as mulheres. Uma pesquisa feita pela agência A Pública com 2.590 mulheres (cis e trans) e homens (trans), por exemplo, mostrou que 93% delas evita andar na rua à noite e 63% já mudou o trajeto para evitar algum tipo de violência de gênero. Além disso, segundo o IBGE, elas ganham 20% a menos que os homens. Foi pensando nisso que um grupo feminino de coletivos e organizações decidiu fazer o guia Mulheres na Cidade. O objetivo é mapear e divulgar espaços de valorização, aprendizado e acolhimento feminino em São Paulo.

O projeto foi idealizado por Carmen Guerreiro e Fernanda Carpegiani, comunicadoras e fundadoras do Formiga-me, uma plataforma de ideias para melhorar a vida na cidade. “Queremos fazer um roteiro de lugares onde nós, mulheres, podemos nos encontrar e nos fortalecer. Aí entram iniciativas que estimulam desde o autocuidado e a autoestima até o desenvolvimento econômico”, diz Carmen.

O material vai incluir verbetes desses espaços e iniciativas, além de mapas para encontrá-los pela cidade, entrevistas, reportagens e estatísticas sobre o tema. Para colocar o sonho em prática, elas decidiram que só faria sentido cocriar a publicação com um time de mais de 20 parceiras com experiências diversas de cidade. “Existem muitas mulheres com realidades diversas na cidade e todas as vozes precisam ser contempladas”, destaca Fernanda.

Entre as colaboradoras do guia, estão a Énois, uma escola e agência de jornalismo para jovens (principalmente periféricos) que acredita em um jornalismo mais diverso; a AzMina, organização sem fins lucrativos que usa a informação para combater as diferentes formas de violência contra mulheres, e o Sampapé, coletivo que realiza passeios a pé por São Paulo para melhorar a relação das pessoas com a cidade. O guia será todo ilustrado pela artista gráfica e arquiteta Catarina Bessell, que reflete sobre as mulheres e suas representações sociais.

E como a ideia é incentivar a construção de uma cidade mais justa para todos, os homens também vão fazer parte desse projeto. Fechando a equipe de produção, estão os comunicadores do Papo de Homem, um portal independente sobre comportamento masculino que faz parte de um movimento de transformação dos homens. Eles vão mapear projetos e espaços que estimulam masculinidades positivas em São Paulo.

 

Todo mundo pode ajudar

 

Para não deixar ninguém de fora mesmo, o guia Mulheres na Cidade será gratuito e produzido a partir de um financiamento coletivo. Mas por que desta forma? “Será uma construção feita a várias mãos, com base em visões e experiências diferentes, em que todo mundo sai ganhando. As mulheres envolvidas se conectam com uma causa importante ao mesmo tempo em que divulgam seu trabalho. Queremos, assim, potencializar essa rede”, diz Carmen. “Essa união vai aumentar o alcance do nosso projeto. Porque se uma formiga sozinha parece frágil, várias juntas conseguem até arrastar um boi, não é mesmo?”, completa Fernanda.

Quem participar do financiamento, além de viabilizar a publicação, também vai receber recompensas das colaboradoras envolvidas no projeto – como aula de yoga, mapa astral, calendário lunar, camisetas feministas, terapia orgástica, pôsteres de artistas mulheres, entre outras. Empresas privadas também podem apoiar a causa por meio de cotas corporativas que oferecem contrapartidas como a divulgação da marca no guia e o acesso a informações exclusivas sobre o tema mulheres na cidade.

O crowdfunding será realizado pela plataforma Catarse, a partir de maio, e o link para colaborar é www.mulheresnacidade.com.br Bora se juntar a este círculo virtuoso? Ah, não se esqueça de usar também a hashtag #mulheresnacidade.

 

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