Quando somos mães, parece que colocam em nós o cinto de castidade.  É como se as pessoas não nos vissem como mulheres, apenas como vacas leiteiras que precisam amamentar e trocar fraldas! Mas deixa eu contar um segredo que talvez espante algumas pessoas: a gente também sente prazer. Espanta muita gente quando ficam sabendo que a gente também fode. Sim, foder… fazer sexo, transar, trepar, gozar e ser feliz.

Infelizmente, quando estamos nos envolvendo com alguém a pessoa parece que tem medo que coloquemos uma aliança e o nome dele na certidão de nascimento do nosso filho. O pavor é tamanho que ou a pessoa não se envolve, ou ela simplesmente nos usa como objeto sexual (o tal depósito de porra).

Desse jeito mesmo, esdrúxulo. Ou você acha que essa galera pensa diferente? Eles pensam assim mesmo. “Vou comer essa mulher, ela é mãe mesmo” ou “Não tô nem louco de encostar nessa mulher, vai que ela quer que eu ande de mão dada no parque com o Enzo?”. Cômico se não fosse trágico… e totalmente real.

Aplicativos de pegação para mães solo é quase que um pesadelo, ou você já coloca na descrição do perfil que é mãe e não recebe nenhum “match”, ou você não coloca e depois de 30 minutos de conversa, apenas comenta que é mãe, a pessoa que dá um vácuo maior que o buraco negro. Vai por mim, já testei e, é real.

Quando você está na balada, no barzinho (quando consegue ir para um, claro), e rola aquela conversa marota com o boy ou a mina e vem o papo “sou mãe”. Resultado: “vou ali pegar uma bebida” e foge mais rápido que pai que foge de paternidade… testado, comprovado e triste.

Por mais que tudo pareça engraçado, é péssimo saber que nós mães não temos o tal privilégio de ter uns contatinhos. Parece que ou a gente já quer casar, ou dar um pai pro nosso filho. E eu vou contar outro segredo aqui: às vezes, a gente só quer gozar.

É tão simples, mas a romantização da maternidade, juntamente com o machismo e o patriarcado, nos coloca numa posição em que, ou não podemos ser tocadas ou que somos objetificadas.

O que nos leva a pensar num ponto em comum entre todas nós: a solidão na maternidade. Além dos amigos esquecerem que existimos, além de não recebermos visita para tomar uma cerveja, um café, ir no barzinho, ou simplesmente ter um P.A (pau amigo), a gente ainda sofre com relacionamentos.

“Ah, mas eu tenho uma amiga que é mãe e ela não responde minhas mensagens”; “Ah, eu tenho uma amiga que é mãe e ela nunca pode sair”; “Ah, eu tenho uma amiga que é mãe e ela só pode sair com o filho, nunca só nós duas (ou a galera)”. Sobre isso, tenho algumas coisas para falar pra você: falta empatia da sua parte. Não é fácil deixar o filho em casa para ir pra balada, nos falta de rede de apoio e que, olha que irônico, você poderia fazer parte dela.

Sobre responder mensagens, você sabe como é o dia a dia da sua amiga? Já foi à casa dela e acompanhou de perto? Ter um filho não é como ter uma boneca ou um cachorro, que você veste uma roupinha e coloca comida no pote. A maternidade exige demais, tem casa, comida, trabalho, filho chorando. No é tão simples deixar tudo para satisfazer suas vontades, amiga.

Podemos concluir que, relacionamentos (sejam eles de qualquer tipo), não combinam com mães, é o que querem que pensemos. Mas a gente não quer isso. Queremos ser chamadas para jantar e que entendam que não é o dia e a hora que marcam, que tudo exige antecedência, que exige ânimo, porque, meu amigo, ser mãe cansa e quando se consegue uma folguinha, por mais fogo que a gente tenha em dar, a gente aproveita para dormir.

“Ah, mas eu não sou obrigado(a) a me relacionar com quem tem filhos”. Olha, não tem mesmo. É aquele ditado: “ou soma ou some”, porque se for pra fazer joguinhos pra conseguir uma noite de sexo com uma mulher que quer relacionamento ou achar que você vai ter de comprar iogurte pra Valentina, é melhor nem começar um papo. Fica na tua.

Independente de qualquer coisa, nós temos vontade própria, nós queremos namorar, ou apenas fazer um sexo gostoso e gozar, às vezes a gente só quer tomar uma cerveja e também conversar, e esquecer por alguns minutos, o peso que a maternidade trás nas nossas costas e que, algumas pessoas, fazem questão de lembrar a todo momento.

E mais uma vez, o nosso filho tem um genitor/pai e por mais irresponsável e negligente que ele seja, tem o nome lá na certidão, então, não estamos procurando nenhum substituto para nossas crias, não se preocupe com isso.

Na próxima edição da coluna vou falar sobre a falta de libido após a maternidade.

Acompanhe 🙂

 

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