Prezada menstruação,

Já falei muito mal de você desde que você chegou de surpresa na minha vida. Confesso. Não estava esperando. Ninguém mesmo me avisou que você apareceria assim de repente, quem você era ou que porra era essa que tava acontecendo. Isso pode ter sido porque não fui muito com a sua cara.

Só que quero deixar isso de lado. Não vim para brigar, vim para fazer as pazes. Resolvi te dar uma chance. Deixar meu rancor de lado e te entender um pouco.

E isso passou primeiro por entender aquela tensão que acontece antes de você chegar. Isso foi sempre o que me arrasou mais. Esse empurrãozinho que você dá para que tudo venha pra fora. Mas, ainda assim, são coisas que já estão guardadas aqui, que não foi você que colocou.

A sociedade diz que cabe às mulheres um silêncio de submissão. E te culpam por romper com esse silêncio imposto, essa caixa de boa moça que nos enfiam. Eu tenho muito em mim guardado e coloco a culpa injustamente em você quando isso vem a tona.

Nesse vai e volta dos nossos encontros, passei a anotar algumas coisas. E foram coisas que me ajudaram a entender meu corpo, os sinais que meu corpo dá quando você está preste a chegar, os sinais depois que você vai embora.

Também confesso que estou no meio do caminho de realmente gostar de você. Ainda acho que você é um pouco incômoda. Sabe aquele tipo inconveniente? Então, é você. Mas você certamente não merece o ódio que muitas vezes te direcionam, não só da minha parte.

Eu já ouvi te chamarem de suja e coisas assim. Olha, e quando vejo coisas assim eu te defendo.

Mas sei lá. Será que você podia parar de fazer essa coisa que você faz de ir embora, eu achar que você foi, e no dia seguinte você volta DO NADA?

Enfim, fica aqui meu pedido de trégua e perdão das discussões que tive contigo. Estou te esperando para assistir filmes tristes com brigadeiro na sua próxima visita.

 

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